Mulheres com Asas

Bons Voos.

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O VOO MAIS BELO QUE EXISTE

Falar de relacionamentos é sempre muito complicado. E mais difícil ainda é falar de não-relacionamentos, porque se tem uma coisa que ainda dói profundamente no coração humano é a solidão aliada à sensação do abandono e do vazio. Não importa como tudo começou ou como tudo acabou. A grande maioria de nós, nessas circunstâncias, experimenta dores muito fortes no peito e na alma.

A intensidade e a duração de uma dor podem variar de pessoa para pessoa. Por razões não enquadráveis em um plano lógico e esperado, há pessoas que em curtíssimo tempo recuperam-se do mal-estar e outras tantas que vivenciam um certo sofrimento ou frustração pelo resto de suas vidas.

Também é possível notar que as reações e condutas perante essas dores são muito pessoais e individualizadas. Há pessoas que, desesperadamente, lutam por um novo amor, na tentativa da reconstrução de um modelo, agora com o acréscimo do alívio que uma faísca de vingança pode temporariamente trazer. Já outras, desistem de trilhar pelo caminho linear da vida e embarcam na loucura de noites e dias sem fim, para repetir, inúmeras vezes, antigas sensações de prazer de uma determinada situação que não pode mais voltar. Por fim, há pessoas que se refugiam na dedicação ao trabalho, ao estudo e ao desenvolvimento pessoal, com o intuito de superaram aquela parte da vida que não deu certo mediante o esforço de serem bem sucedidas nas outras áreas da nossa existência.

É evidente que não há um modelo ou paradigma que seja melhor ou pior. Mas há uma circunstância que me incomoda demais. Ao longo da vida, encontrei centenas de mulheres que me disseram que não se importavam em ter ou não um relacionamento, de ter ou não um filho, de viver ou não uma vida a dois. Destas tantas, algumas me pareceram realmente sinceras, mas devo confessar que foi uma insignificante minoria. Quanto a todas as demais, não pretenderam, em absoluto, mentir para mim ou para ninguém. Mas ficou claro e evidente o esforço que tais mulheres faziam para tentarem convencer a si próprias de que estavam felizes assim. E então, para ratificar as suas próprias conclusões, sempre apresentavam como prova de seu correto posicionamento relatos de casamentos desfeitos, abusos físicos e morais, traições e abandonos. Nunca essas mulheres se referiram aos relacionamentos que, de uma forma ou de outra, eram bem sucedidos.

Respeito todas essas mulheres, mas acho isso um pouco ruim. Não por mim, evidentemente, mas por elas próprias que, nas entrelinhas, revelam o quanto se debelam entre um modelo psicológico e social estabelecido e a sua própria realidade pessoal.

Estive certa vez em consulta com uma terapeuta bastante experiente. Ela pediu, na apresentação, que eu falasse sobre mim. E confesso que foi facílimo relatar todo um histórico de sucesso, de reerguimento profissional, intelectual, financeiro e social. Em meu íntimo, creio que até mesmo minimizei os esforços que precisei fazer para chegar aonde cheguei. Mas não porque eu quisesse me gabar e, sim, porque havia questões que me pareciam infinitamente mais complexas. Quando terminei minha própria biografia, ela então me perguntou porque eu estava ali. Nesta hora, eu apenas baixei meus olhos e disse a ela que tinha vergonha de estar em sua frente porque meu único problema era que eu me sentia sozinha demais. Acrescentei a ela que sabia de pessoas que tinham problemas familiares horríveis, doenças incuráveis, limitações de toda espécie e que haviam vivenciado perdas irrecuperáveis. E esclareci que me parecia que estar ali por conta da mera solidão era um pouco fútil e desarrazoado. Naquele momento, não chorei de tristeza, mas, sim, de vergonha.

Foi quando então esta médica, muito gentil e compassiva, me contou uma história surpreendente. Ela havia trabalhado e estudado sobre os efeitos psicológicos da guerra, sobretudo em mulheres. Contou-me, então, que, ao início de seu trabalho, preparou-se para ouvir relatos de maldades e de abusos infinitos, além de perdas de laços familiares, principalmente com relação a seus próprios filhos. Avançando sobre o tema, porém, ela viu-se supreendida com o fato de que muitas mulheres, de forma clara e consciente, trouxeram a esse mesmo patamar de importância a frustração de jamais terem constituído suas próprias famílias e de não se sentirem amadas. Esta competente profissional, com isso, buscou acalmar-me e esclarecer-me que o sentir-se só não era uma leviandade ou uma futilidade. Antes, era algo relevante a ser validado.

Este episódio mudou minha vida. Na verdade, representou uma imensa libertação, porque, até então, eu me via obrigada a sentir-me feliz e satisfeita e, consequentemente, desautorizada de me sentir triste e de chorar.

Saiba então, minha amiga querida, que, se há algo parecido em você, todos esses sentimentos são válidos e devem ser respeitados por todos, incluindo você mesma. Não se esconda atrás da sombra da negação e nem na penumbra da sublimação. É claro que você deverá buscar sua própria felicidade, do jeito que der, mas nunca partindo de algo que não se mostre como absolutamente autêntico e verdadeiro.

Para aprender algo, é preciso conhecer a si mesma e reconhecer-se no estágio em que efetivamente estiver. Fazendo isso, você poderá ir avançando, com consciência e coerência, até alcançar a próxima etapa. Não é possível enganar-se eternamente.

Você merece, obviamente, buscar a validação de seus sonhos e das suas realizações. Mas, para isso, você deverá percorrer cada etapa até conseguir voar corretamente. E não se faz isto de uma hora para outra. É preciso tempo, esforço e dedicação. É preciso analisar, com sinceridade, o que há dentro de você e onde estão as suas dores. E um dia, quando menos esperar, você estará voando o voo mais belo que existe. Um voo conseguido com suas próprias asas e com seus olhos atentos. Um voo sem enganos. Um voo de integridade e da sua própria verdade.

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Foto: Emily Soto

 

 

 

 

 

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O QUINTAL DA MINHA CASA

Como moradora da capital paulista, sinto-me privilegiada em poder viajar, uma ou duas vezes por mês, para estar em contato com a exuberante natureza da Mata Atlântica. Meu refúgio fica no litoral norte do Estado, no Município de São Sebastião. A casa é amarela, possui janelas de madeira e a trilha sonora fica por conta dos pássaros e do pica-pau que mora em uma das palmeiras. A animação está a cargo das enormes borboletas azuis que teimam em fazer arrelia em todo o entorno. Se um dia você vier me visitar, será recebido por mim, por minha cachorrinha dálmata e pelo Buda que repousa em meio às orquídeas, no jardim da frente. Mas o ponto alto da minha casa é o quintal. Ele se chama “Praia de Camburizinho” e fica a uma distância de aproximados três quilômetros da minha morada. E é bem ali que passo as manhãs e tardes de sol.

A praia é pequena, tem pouco mais de 300 metros de extensão. O mar é azul e cristalino e a areia é bem branquinha. Nas duas extremidades, há pedras e vegetação nativa, sendo que, no lado direito, está o riozinho que você pode facilmente atravessar para chegar à Praia de Cambury. As duas praias são irmãs, mas não são gêmeas. Enquanto Cambury é bastante frequentada pela moçada e por surfistas, Camburizinho normalmente é muito tranquila e sem nenhuma agitação. A praia tem dois pórticos de entrada que saem da Estrada do Cambury. Se você resolver se acomodar perto de qualquer deles, encontrará várias barracas de bebidas e de petiscos. E, a não se que a praia esteja excepcionalmente lotada, você sempre conseguirá com seus donos um guarda-sol e as cadeiras que precisar. Se você preferir, porém, ter a experência de uma praia praticamente deserta, é só seguir andando para o lado esquerdo e ali esticar sua canga.

Na Estrada do Cambury, na extensão que acompanha a praia, você encontra alguns restaurantes, pousadas, um supermercado, lojas de variedades e boutiques. Se você estiver por lá, vale experimentar uma das saladas e pelo menos um dos doces do Restaurante Framboesa, da simpática Ceres. Não deixe também de visitar o Villa Bebek Hotel, onde você poderá degustar uma deliciosa caipirinha de frutas em um ambiente tipicamente  balinês. Por fim,  entre outras tantas dicas que eu poderia deixar aqui, recomendo que você vá ao Pura Bar. O Pura é para poucos e bons, mas não pelo preço e, sim, por seu charme exclusivo. Ele fica escondido no canto esquerdo da praia e o acesso é pela própria areia. Para sinalizar que o bar está aberto, seu proprietário, o Marcelo, coloca um guarda-sol neon na areia, que é visível da outra ponta da praia. Pronto. É só seguir até lá, subir as escadinhas esculpidas na pedra e deliciar-se com a melhor vista de Camburizinho, ao som de música brasileira de vitrola, como ele faz questão de frisar.

A Praia de Camburizinho tem muitos outros encantos secretos, que vou deixar para você desvendar sozinha. Sendo assim, mesmo que você não tenha tempo para ir até minha casa, não deixe de visitar este meu quintal.  O arquiteto e o paisagista superaram-se na elaboração e execução deste projeto.

(Texto originariamente publicado em 05/01/12. Foto: Amber Bauerle).

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AS LINHAS DA VIDA

Uma vida pode ter várias formas, formatos, cursos, vetores, sentidos. E, por isso mesmo,  é engraçado que a gente sempre imagine o caminho da vida como uma linha horizontal traçada da esquerda para a direita. Não sei se é convenção nossa ou imagem de caráter universal e inconsciente o fato de que, para nós, a linha da existência seja representada desta maneira. Esta orientação é própria da nossa forma de escrever, o que me faz suspeitar que a lógica do nosso pensamento acompanhe esse mesmo desenho.

Em uma pesquisa superficial no Google, você logo descobre que diferentes escritas são grafadas em diferentes sentidos e direções. Os alfabetos primitivos, por exemplo, podiam ser escritos vertical ou horizontalmente, e, ainda, da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, de cima para baixo e de baixo para cima. Já na língua árabe, convencionou-se escrever da direita para a esquerda. Por fim, no idioma chinês e no japonês, a convenção é escrever-se de cima para baixo e da direita para a esquerda da página. Fiquei pensando, assim, se, graficamente, a representação dos fatos da vida para estas outras culturas acompanha a mesma orientação dos escritos de seus respectivos povos. Não sei dizer.

O fato é que se a gente se apega a esta forma usual, erra feio na representação. Explico. Quero crer que a maioria das pessoas, na infância, estudou a linha do tempo, que começava com a pré-história e terminava com a menção de um fato atual. Critério meramente cronológico. Mais nada. Porque por sobre aquela linha apenas fatos e datas eram representados, desprezando-se toda sorte de incríveis interações, ciclos, retrocessos e saltos no desenvolvimento da civilização. Convenhamos que esta é uma maneira muito rudimentar de explicar a história da humanidade. Da singeleza daquelas informações não é possível compreender-se a complexidade do mundo. Quando muito, a gente aprende a pontuar os eventos em marcos temporais específicos.

De igual maneira, se você vir a sua vida como um simples traçado horizontal pontilhado de datas e fatos, não estará representante com fidelidade o curso da sua existência.

É claro que, do ponto de vista exterior, há ocorrências relevantes a serem anotadas na linha. Quanto a nós, porém, naquilo que diz respeito à nossa mais pura essência, é impossível fazer-se qualquer datação: em raríssimas oportunidades uma pessoa consegue apontar dia, mês e hora para situar uma mudança na alma.

Somos seres tão complexos que nossa metamorfose acontece sem que nos apercebamos. No dia-a-dia da nossa existência apenas vamos vivendo até que um dia a gente percebe que, não se sabe como, algo simplesmente mudou. A gente pode observar que andou muito em pouquíssimo tempo, ou que não andou nada, ou que andou para trás, numa dinâmica aparentemente irracional que desafia o relógio convencional. Às vezes você percebe que está no passado. Ou no futuro. Ou pode estar se movimentando para dentro de si na busca de algo que se perdeu, ou que você jamais teve, mas deseja ardentemente encontrar.

Nossas verdadeiras linhas, assim, não podem ser tidas por retas ou cartesianas. Nosso andar espiritual e mental pode ser sinuoso, senoidal, espiralado, cíclico, ascendente, descendente, reverso. E na verdade a gente não tem muito controle sobre isso. A estrada da vida simplesmente vai se abrindo sozinha, sem sinal ou aviso. É como se uma força impalpável te guiasse pela mão por uma trilha desconhecida e não escolhida. É comum a gente não entender porque a maré puxou para um lado, ou para o outro, ou porque há um verdadeiro cabo de guerra entre o desejo e a realidade.

Eu acho que não importa a sua fé para você entender que estas ocorrências fazem parte do imponderável. Sabemos que devemos fazer a nossa parte, mas esta ação não esgota a equação. Os pontos cegos, o inesperado, o chamado acaso e as coincidências servem, mais do que tudo, para nos desmentir. E provam com maestria que somos poeira no universo. E que apenas oscilamos entre nossos esforços e uma simples lufada de vento. E que nem sempre debater-se nos leva à direção que desejamos.

Acreditar ou não em destino fica a seu exclusivo critério. Mas não há que negar que a precariedade do homem assemelha-se a uma pluma branca que balança em função da intensidade da brisa. Para uma ave ferida é cansativo demais tentar alçar voo. Para uma pessoa minimamente consciente é muito desgastante encarar sua vida como uma complicada operação matemática. Para uma alma doente, querer a qualquer custo pode significar o fim de uma existência.

O tempo passa. As linhas se confundem. Os nós se desfazem. Muito do esforço é em vão. Muito da previsão é bobagem. Sua vida, não importa como ela seja, sempre faz algum sentido. Se não hoje, talvez no dia de amanhã. Ou quando, finalmente, você se dispuser a flutuar.

(Texto originariamente publicado em 25/02/14. Foto: Favim).

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A LEVEZA E O PESO DO SER

Existem duas coisas que eu tenho o prazer de nunca haver possuído: televisão no quarto e balança no banheiro. Nem mesmo na década de oitenta, quando todos os jovens enlouqueciam para ter uma televisão só sua e um vídeo-cassete de última geração, senti vontade de ter uma só para mim. Meu irmão, não. Sempre adepto da tecnologia, logo conseguiu com meus pais uma televisão somente para ele e um protótipo do que viria a ser hoje um rudimentar computador de uso pessoal. Mas minha opção não tem nada a ver com a falta de uma veia consumista. Ao contrário, sou tão seletiva que cada ambiente da casa tem, para mim, que ostentar apenas sua específica função. Quarto é só para dormir. Por isso mesmo ele se chama dormitório. E a televisão merece uma sala só para ela. Esta é a dinâmica da minha casa. E então, quando vou para os meus aposentos íntimos todas as noites, não levo comigo as lágrimas dos filmes, as risadas das comédias e a violência dos noticiários. Tudo fica lá fora e, assim, consigo ter noites muito mais leves e tranquilas, sem o peso das emoções exteriores.

Já a questão da balança é muito diferente. Nunca concebi que eu pudesse manter um instrumento dentro de casa capaz de me subjugar. Não consigo me imaginar aferindo meu peso corporal uma ou duas vezes ao dia apenas para me torturar. Porque, verdade seja dita, você não precisa da balança para saber a quantas anda a sua condição. Para isso, basta uma calça jeans, que, indubitavelmente, possui a necessária precisão científica capaz de aferir o acréscimo de um único grama.

Fala-se muito em leveza da alma e em leveza do corpo. Mas não são eles parâmetros absolutos para medir o grau da sua felicidade. Principalmente se não andarem juntos. Porque de nada adianta a leveza do corpo se a sua alma é pesada e carrega consigo toneladas de mágoa e de rancores. E também de nada vale a leveza da alma se o seu corpo acumular resíduos tóxicos de alimentos, bebidas, cigarros, medicamentos ou qualquer outra droga, lícita ou não. De igual maneira, você será incapaz de voar.

Mas para tudo na vida, exceto para a morte (a morte pertence à vida?), há uma solução, que é o lento caminhar. Ele funciona sempre, para as questões do corpo e para as questões da alma. Funciona para o corpo porque, paulatinamente, põe em ritmo o seu metabolismo e acelera a sua queima calórica. Qualquer mulher sabe disso. E funciona para a alma porque somente com a perseverança e com o passar do tempo é possível livrar-se de certos pesos inúteis, como a culpa, o ódio, a baixa auto-estima e a falta de perdão.

Como em qualquer dieta, os resultados imediatos não são definitivos. Para a efetividade do processo de leveza, é preciso muita paciência e compaixão consigo própria. Nem para o corpo e nem para alma é bom você se castigar para atingir os seus objetivos. É necessário, antes de mais nada, compreender os processos. Sem a compreensão, não haverá aproveitamento positivo. Então é bom que você se informe e que se cerque de um ambiente propício. Estude a si mesma e conclua o que precisa ser mudado. Selecione melhor suas compras e evite entupir seu carrinho com deliciosas guloseimas. Selecione melhor seus amigos e evite trazer para casa os tentadores seres predatórios da sua vitalidade e da sua auto-confiança. Aproprie-se apenas daquilo que é bom, que eleva, que produz. Descarte o que é negativo, o que arrasta, o que prende e o que condena.

E siga caminhando. Quando se cansar, volte aos seus aposentos sagrados e deixe lá fora todas as dificuldades. Estique seus lençóis mais bonitos, afofe seu travesseiro, feche a cortina e feche seus olhos. Nada ali vai te perturbar. E quando o sol da nova manhã raiar horas depois, abra a janela e abra o seu coração. Olhe-se no espelho e tente ver se alguma coisa mudou. Faça isto antes da maquiagem, quando ainda não há nada entre a gente e a gente mesma. Se algo mudou, parabéns. E se nada ainda parece ter mudado, apenas caminhe lentamente mais este dia. É assim mesmo. Demora um pouco para ver a germinação da semente.

(Texto originariamente publicado em 23/09/12). Foto: Favim).

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A CANÇÃO QUE VEM DE DENTRO

Nos momentos de tristeza, gosto de ouvir uma boa música, de preferência que me emocione ainda mais. A música, para mim, acalma, eleva, tranquiliza. Pode parecer que uma música melódica acentue um senso de nostalgia. Mas não é bem assim. Os sons das boas músicas são mágicos e possuem chaves capazes de abrir portas e janelas. E, se às vezes não podem abri-las, são capazes de atravessar as suas paredes.

A música é um elemento atemporal. Cruza oceanos, eras, idades, sentimentos. Não morre nunca e sempre é  transmitida. Já era assim séculos e séculos antes da globalização.

As mentes e os corações gravam tons, melodias, harmonias e ritmos e sempre os reconhecem. Não se sabe ao certo onde as memórias musicais ficam guardadas, mas, se uma música possui significância, possui também o poder de escancarar comportas secretas sem pedir licença ou desculpas.

Os sons vêm e as memórias simplesmente se despertam. Memórias do que vivemos, do que não vivemos, do que poderíamos ter vivido, do que nunca viveríamos, do que nunca viveremos.

Não conheço meio de transporte mais eficaz que a música. Mas não sei dizer se é você quem a leva no coração ou se é ela quem te conduz.

Nunca tive tino musical. Além de algumas poucas aulas de flauta doce e de acordes desajeitados no violão, nunca produzi som melódico algum. Mas não tem problema porque, em lugar deste dom, fui contemplada com a possibilidade de bem escutar o que a música tem a me dizer.

Os sons em si são palavras com significado. Uma música instrumental pode revelar uma vida inteira e os mistérios de toda uma existência. E os intervalos entre as notas são tão belos quanto os sons  que se coordenam por um maestro. Quem consegue caminhar sem o necessário espaço entre um passo e outro nas trilhas dos nossos caminhos? Há quem diga que a música é o silêncio interrompido pelas notas. Não cheguei a uma conclusão e este é, para mim, o maior segredo que as partituras guardam caladas.

Como muitas coisas da vida, a música em si mesma é um mistério que não se compreende: apenas se aprecia. A boa música que toca ali fora toca também seu coração de forma a interferir no seu ritmo existencial. É a reverberação da arte desnudando a sensibilidade de quem escuta.

Não menospreze a música, nem na alegria, nem na tristeza, nem na saúde, nem na doença. Não desconfie do seu poder curativo, emocional, energético.

Suspeito que os músicos sejam magos. Talvez porque eu não os entenda. Mas você não precisa mesmo entendê-los para respeitá-los. Os músicos em si próprios são instrumentos de emoções. Eles compõem com sua sensibilidade e, com esta, tocam o seu ser.

Quando eu gosto de uma música, posso ouvi-la um milhão de vezes. E, quando chego a este ponto, algo dentro de mim começa a despertar. Pode ser a compreensão de um fato, pode ser a resolução de problema, pode ser o perdão de uma pessoa, pode ser a saudade de outra. E aquilo que brota em mim finalmente desabrocha, agora em forma de prece.

A música não precisa ser sacra para tornar uma pessoa mais sábia ou, pelo menos, mais consciente de si. Porque a boa música pode ser de qualquer gênero ou estilo. E ela será boa na exata medida da sua  capacidade de transformação.

E nem vou falar dos sons da natureza, que são sagrados em sua essência. Falo mesmo das canções dos homens, das mulheres, das crianças, dos povos, dos fortes, dos fracos, dos gigantes e dos pequeninos. Porque toda boa música que existe desdobra-se na paz. E toda a paz que se cria enseja um cântico de louvor. E todo louvor que se reconhece encerra gratidão. Pela mera dádiva de ouvir e de viver

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Texto originariamente publicado em 25/08/12. Foto: Dalton Lane

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NAS ASAS DA PAIXÃO

Se existe um assunto acertado em termos de satisfazer a curiosidade feminina, este tema é a paixão. Acho normal. As mulheres são seres apaixonados em sua essência e falar sobre a paixão é falar sobre algo que lhes é muito familiar e muito antigo. É claro que cada uma de nós tem a sua própria história. Mas é certo também que a primeira paixão nasceu muito cedo, quando éramos apenas meninas. Naquela época, a paixão que sentíamos dentro de nós provocava a mesma sensação que correr em meio a bosques floridos e caçar borboletas. Acreditávamos piamente que a paixão era capaz de transportar os nossos corpos franzinos e as nossas almas espevitadas para muito além do horizonte. O simples ato de observar o ser amado, mesmo que você estivesse escondida atrás de uma árvore a milhares de quilômetros de distância, era como respirar o mais inebriante perfume de sândalo. E um mero olhar do seu principezinho já era suficiente para você se sentir flutuando em um tapete mágico a milhas e milhas de altitude. E, o melhor: sem nunca sentir vertigens ou medo de cair.

Então você virou moça. Neste momento, apenas contemplar o ser amado já não era mais suficiente. Foi quando surgiram, então, as suas primeiras interações, ainda muito desajeitadas e tímidas. O rubor na face era natural. Nenhuma de nós precisava de maquiagem. O que precisávamos, isso sim, era ensaiar palavras na frente do espelho e descobrir em nós mesmas uma coragem assustadoramente poderosa para estabelecer alguma espécie de contato. Como a grande maioria das primeiras paixões, a minha também foi platônica e não correspondida. Agora eu sentia, pela primeira vez, a flecha atravessando o meu coração. Eu nunca havia sentido uma dor assim. Meu grande amigo era meu diário, cuja capa cor-de-rosa era fechada com uma chavezinha dourada. E era para ele que eu dirigia as minhas preces, fazia as minhas promessas e contava os meus progressos na arte da sedução. Meu diário nunca me recriminou. Calado, aceitou tudo aquilo que eu impus a ele com minha letra perfeita e também tudo aquilo que eu impus a mim.

Então virei mulher. Costumo ser muito franca e aberta com relação aos meus sentimentos e à minha intimidade. Sinceramente, não tenho problema algum em falar sobre a minha vida. Mas existe uma única coisa que às vezes ainda me faz corar. Incomoda-me um pouco lembrar de todas as coisas insanas e sem sentido que, ao longo da minha existência, eu fiz em nome do que eu achava que era amor. Fosse amor de verdade, não teria sido assim. Os atos impensados, a fragilidade, o destempero e o desequilíbrio são típicos, na verdade, de um estado de paixão. Se eu tivesse sabido antes, teria feito diferente. Mas eu estava equivocada. Para mim, tudo aquilo era amor. E se até Fernando Pessoa teria dito que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, quem era eu para discutir?

As paixões não fizeram estragos significativos na minha vida, mas deixaram marcas indeléveis no meu ser. Valeram a pena no momento em que existiram, mas tenho que admitir que o preço pago foi altíssimo em termos de auto-respeito, de auto-controle e de auto-estima. Nos momentos de paixão, sufoquei minha vontade de voar e, voluntariamente, amarrei pesos nos meus pés. Minhas asas se ressentiram e eu não me importei. Em parte, abri mão de mim mesma e corri o risco de que elas se atrofiassem para sempre.

Felizmente, a natureza possui uma inacreditável capacidade auto-curativa e minhas asas se recuperaram e me remeteram àquela época em que eu bebia água nas nascentes e colocava margaridas nos cabelos.  Mas tudo agora era diferente. Com o tempo, veio a consciência de que eram os meus próprios pés que me moviam e que, para voar de verdade, eu teria que exercitar as minhas asas. E comecei a tatear esse terreno, experimentando aqui e acolá as minhas novas descobertas. Demorei muito, mas muito mesmo, para ter a segurança de me elevar um pouco além. Eu sabia que um vento mais forte poderia facilmente me derrubar.

Mas eu não desisti. E, aos poucos, eu fui mudando como um pássaro migratório, que intuitivamente sabe para onde se encaminhar. Em parte, tenho saudade das piruetas, das manobras radicais e até mesmo dos pousos forçados. Mas, em parte, prefiro seguir em velocidade de cruzeiro, observando meu caminho com atenção e sabendo distinguir quem são os predadores e quem são os companheiros.

Ninguém pode dizer que não beberá da água de um determinado rio. Principalmente, se você se vir sozinha em meio a um deserto árido. Sendo assim, hoje eu prefiro abastecer os meus próprios cântaros e minimizar os meus riscos. Pode parecer covardia. Mas pode ser também que a isso se chame paz. Os voos serenos têm valido muito a pena em minha vida e têm me poupado muita energia. Certa ou errada, com razão ou sem razão, acredito que, desta forma, poderei ir ainda mais longe. E ter muitas outras histórias e finais felizes para contar.

(Texto publicado originariamente em 15/05/12. Foto: Rosie Hardy)

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LIBERDADE EXISTE?

Para quem não sabe, mantenho no Facebook uma página oficial e um grupo de discussão, ambos homônimos deste Blog. Tem sido uma experiência muito amorosa e enriquecedora dividir o afeto e a amizade com muitas Mulheres Com Asas, que, ali, têm a possibilidade de compartilhar os seus sentimentos e as suas vivências. Como já comentei anteriormente, este Blog nasceu da vontade de contar a outras mulheres como tem sido viajar sozinha há mais de quinze anos, para destinos muito variados. E, de uma certa forma, ele tem alcançado a sua missão, pois muitas mulheres me escrevem para narrar que tomaram a decisão de empreenderem seu primeiro voo solo depois de conhecerem um pouco mais a dinâmica desta  espécie de jornada.

Curiosamente, alguns homens também me escrevem e participam ativamente da página oficial e do grupo, o que, na realidade, revela-se alentador. Para as céticas de plantão, informo que pude apurar que existem, sim, muitos homens sensíveis, compreensivos e que se interessam pela alma feminina. Há uma luz no fim do túnel.

No dia de hoje, um dos leitores do sexo masculino e que não conheço pessoalmente, fez duas postagens no mural do grupo, afirmando, categoricamente, que não existe independência e que a liberdade é uma ilusão. Confesso que, à primeira vista, os comentários me pareceram um pouco inadequados para o conteúdo da página. Lembrando-me, porém, que estou numa empreitada no sentido de compreender melhor as atitudes e pensamentos humanos, recuei dois passos em meu julgamento condenatório e achei melhor repensar, por mim mesma, as colocações daquele leitor. E passei a me perguntar, então, se a liberdade existe mesmo ou se me encontro vivendo em um universo paralelo e totalmente dissociado da realidade.

Não me filio a nenhuma linha religiosa específica. Porém, devo admitir que, em grande parte, a filosofia oriental atende aos meus mais legítimos anseios de ter respondidas aquelas perguntas primordiais que formulamos desde o dia em que começamos a raciocinar.

Sendo assim, é claro que entendo perfeitamente que o universo, dentro dos limites de grandeza que podemos vislumbrar, é uma gigantesca teia de interações, quer percebamos ou não. Até o nosso piscar de olhos provoca imperceptíveis movimentos na atmosfera, os quais, reverberando, produzem reflexos concatenados a interferirem na dinâmica atômica de todo o planeta. E, sob esta ótica, é possível mesmo afirmar-se sobre a interdependência de todos seres.

Liberdade é outra coisa. Embora estejamos associados e interligados a tudo o que existe de material e imaterial, há algo dentro de nós que parece ser exclusivo. Dependendo da sua crença, filosofia ou religião,  você poderá chamar essa essência de alma ou de espírito. Até mesmo se for ateia, há de concordar que suas ondas cerebrais atuam numa frequência diferenciada, capaz de tornar você um ser humano único.

E é justamente o reconhecimento desta individualidade que permite aos seres humanos sentirem-se livres,  haja vista que, neste estágio de consciência, você não se interessa em imitar alguém ou ser outra pessoa que não você mesma. Até porque é impossível emular as sutilezas da mente humana.

E é por isso que eu defendo, sim, a ideia de que a liberdade existe e que não está atrelada a nenhuma condição, tal seja o seu estado civil, origem, raça, idade, aparência ou capacidade econômica. E ela existe porque dentro de você há algo que é só seu e que é intangível a tudo o mais que possa existir. E exatamente  porque passa ao largo de todas as considerações humanas, aquela centelha elementar que ilumina o seu ser  permite que nela você inspire seus mais elevados sentimentos, como alguém que acende um fósforo na chama de uma vela.

E se você quiser reformular sua linha de raciocínio, pergunte a si mesma por que a liberdade não haveria de existir se dentro de você há um universo inteiramente seu.

Não sou dona da verdade e nem sei se ela tem dono. Mas tenho, para mim, que o expoente máximo da liberdade consiste em sentir e agir de maneira coerente com os contornos do seu Jardim do Eden, que não está sujeito à avaliação de mais ninguém. Ali, você faz o que deseja, arruma e planta como quiser, pinta, borda, dança, corre, voa, escreve, canta, encanta-se e sacia sua sede em fontes cristalinas. Chora e ri. Cai e levanta. E isso não é da conta de ninguém.

Não desrespeito a incredulidade e apenas lamento que não tenho como provar que a liberdade realmente existe. E sei que ela existe porque a vejo dentro de mim. Acredito naquilo que quero acreditar. E isso também é liberdade.

E se alguém ainda duvida e quer pelo menos um pequeno indício de que ela é real, lembre-se que mesmo sem o seu corpo físico você ainda é você. E lembre-se também que até um prisioneiro é capaz de sonhar e de contar as estrelas do céu.

(Texto originariamente publicado em 25/04/12. Foto Barefoot Blonde)

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O UNIVERSO DA BELEZA

Na manhã de hoje, estive na FAAP a convite de uma queridíssima amiga para o fim participar da mesa redonda de abertura do curso “O Universo da Beleza”, concebido dentro da própria instituição e integrante de seu Núcleo de Cultura. Além desta minha amiga, Dra. Náila Nucci, compuseram a mesa o Prof. Silvio Passarelli e outros três reconhecidos nomes do meio acadêmico e jornalístico, cujo brilho foi capaz de transformar aquela távola em uma constelação de primeira grandeza.

Durante a apresentação do projeto, os expositores traçaram considerações filosóficas sobre o tema, o que, confesso, teve o condão de surpreender-me pela vastidão e magnitude, inatingíveis como os confins do próprio universo. Foram tantas e tão complexas as observações, que acabei por constatar que eu jamais havia me dedicado a pensar sobre o assunto com a atenção que ele merece.

Em um primeiro olhar, o tema pode parecer singelo e óbvio, principalmente se for compreendido tão-somente sob a acepção do culto ao belo como alavanca ao atingimento da felicidade. Ninguém desafia esta realidade atual e não há quem não reconheça que a estética é uma meta a ser alcançada em todas as áreas da corporalidade, assim entendida como tudo aquilo que pode ser apreendido do ponto de vista material. Descobri hoje, porém, que a beleza vai muito além de sua própria aparência e penetra em campos muito mais sutis da existência humana. Alguém questiona a validade da existência da beleza que qualifica e guarda relação com as características da alma e do ser, em sua concepção espiritual?

O belo, a princípio, parece ser aferível de plano, mas não existe dúvida quanto ao fato de que muitos critérios são nutridos pela experiência cultural e pelas referências pessoais. Neste ponto, então, você pode acabar se convencendo de que a beleza é relativa e um tanto subjetiva. Mas se você admite esta premissa como inteiramente verdadeira, acaba por invalidar postulados universais. Quem descrê da proporção áurea utilizada pelo escultor grego Fídias ao conceber o Parthenon e legar a quase todas as áreas do conhecimento humano a constante real algébrica irracional representada pela letra Phi? E, num sentido mais prosaico, alguém consegue explicar como bebês de poucos meses são já capazes de manifestar suas legítimas preferências? Muito mais foi dito, debatido e questionado e é claro que eu tinha perguntas a fazer. Mas considerando que eu jamais havia me dedicado ao assunto, achei melhor levá-lo embora comigo para minhas próprias reflexões.Durante o dia, muitas coisas vieram à minha mente e pude então perceber que meu gosto desenfreado pelas viagens guarda íntima relação com a busca da beleza que existe na diversidade e na diferença. Diz-se que é afortunado aquele que tem a capacidade de apreciar o belo em sua essência bruta e dissociado dos paradigmas individuais. Talvez eu tenha nascido com sorte, ou talvez eu tenha apenas desenvolvido uma potencialidade disponibilizada a todos. Não sei. De qualquer modo, isto explica, em parte, o fato de que eu jamais tenha “desgostado” de um determinado lugar. Quando viajo, desligo minhas chaves pessoais e abandono qualquer parâmetro ou comparação. Vivencio as experiências na plenitude de como podem ser vividas e procuro olhar com olhos que enxergam sob outra perspectiva. E se a procura da beleza e seu consequente encontro constituem mesmo uma estrada para a felicidade, é por ela que eu pretendo continuar seguindo.  Dostoiévski dizia que “a beleza salvará o mundo”. Isso também eu não sei, filósofa que não sou. A única coisa que posso dizer é que o mundo, em si mesmo, já ostenta o atributo da beleza, que é ratificada e validada a cada novo olhar. Não sou ousada o suficiente para sustentar uma tese divergente da defendida pelo escritor russo. De toda forma, como uma assertiva não se contrapõe necessariamente à outra, apenas reafirmo que a beleza é facilmente visível, amplamente perceptível e bondosamente democrática. É só observar. Ela pode ser encontrada em qualquer lugar em que você esteja. Em quaisquer circunstâncias, em quaisquer condições.

(Texto originariamente publicado em 19/03/12. Foto: We Heart It).

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SOMOS TODAS LINDAS

Dia Internacional da Mulher. Acho válido, mas, a rigor, penso que não haveria necessidade de se criar uma data específica para esta espécie de comemoração.

E isto porque todos os dias são nossos. Sem qualquer exceção.

São nossos porque aprendemos a nos apropriar da vida e de tudo de bom que ela pode nos oferecer.

Com o tempo, desenvolvemos a arte de tomar posse de nós mesmas, de modo a afastar os ladrões dos nossos espíritos e das nossas inspirações. Aprimoramo-nos sempre na tarefa de defender o que é nosso por direito e por outorga da nossa própria existência, como resultado de todas as trilhas que duramente percorremos até aqui.

Nossos corpos são nossos. E são entregues a outrem apenas quando assim o desejamos.

Nossas almas são nossas e não são passíveis de aprisionamento.

Nossos corações são nossos e a ninguém é dado o direito de que sejam desestabilizados.

Nossos atos, certos ou errados, são fruto das nossas necessidades e incumbe apenas a nós mesmas o dever de julgar o seu acerto.

Nosso trabalho é o mais nobre que existe, pois foi elaborado com nossas mentes e com nossas próprias mãos.

Nossas amigas são como nossos espelhos, em que vemos a nós mesmas com muita nitidez.

Nossos filhos não são nossos, mas de nós vieram e por isso mesmo são seres sagrados.

Nossas casas são nosso santuário de amor.

Nossos altares são qualquer lugar do mundo em que possamos nos ver em sintonia com nós mesmas.

Nossos sonhos são secretos e inacessíveis.

Nossos sorrisos são as lamparinas que usamos para iluminar nossos caminhos.

E nossas lágrimas são as gotas de orvalho que enfeitam o jardim da nossa existência.

Nossa aparência é nossa forma de estar no mundo. E pouco importa como ela seja, porque nós somos nós, com tudo aquilo nos pertence. Sem mais nem menos. Apenas o que somos: aquela menina que cresceu mas que jamais abandonou seu poder de ser feliz, seus ideais e seus encantos.

E somos belas, muito belas, porque conhecemos este segredo. E é o que basta à nossa beleza. É o que  basta ao encantamento. É o quanto basta à poesia da vida.

Não há nada no universo que conspire contra e que se contraponha a esta verdade: somos todas lindas!

(Texto originariamente publicado em 08/03/12. Foto: Favim).

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