Mulheres com Asas

Bons Voos.

Tag: fé

AS LINHAS DA VIDA

Uma vida pode ter várias formas, formatos, cursos, vetores, sentidos. E, por isso mesmo,  é engraçado que a gente sempre imagine o caminho da vida como uma linha horizontal traçada da esquerda para a direita. Não sei se é convenção nossa ou imagem de caráter universal e inconsciente o fato de que, para nós, a linha da existência seja representada desta maneira. Esta orientação é própria da nossa forma de escrever, o que me faz suspeitar que a lógica do nosso pensamento acompanhe esse mesmo desenho.

Em uma pesquisa superficial no Google, você logo descobre que diferentes escritas são grafadas em diferentes sentidos e direções. Os alfabetos primitivos, por exemplo, podiam ser escritos vertical ou horizontalmente, e, ainda, da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, de cima para baixo e de baixo para cima. Já na língua árabe, convencionou-se escrever da direita para a esquerda. Por fim, no idioma chinês e no japonês, a convenção é escrever-se de cima para baixo e da direita para a esquerda da página. Fiquei pensando, assim, se, graficamente, a representação dos fatos da vida para estas outras culturas acompanha a mesma orientação dos escritos de seus respectivos povos. Não sei dizer.

O fato é que se a gente se apega a esta forma usual, erra feio na representação. Explico. Quero crer que a maioria das pessoas, na infância, estudou a linha do tempo, que começava com a pré-história e terminava com a menção de um fato atual. Critério meramente cronológico. Mais nada. Porque por sobre aquela linha apenas fatos e datas eram representados, desprezando-se toda sorte de incríveis interações, ciclos, retrocessos e saltos no desenvolvimento da civilização. Convenhamos que esta é uma maneira muito rudimentar de explicar a história da humanidade. Da singeleza daquelas informações não é possível compreender-se a complexidade do mundo. Quando muito, a gente aprende a pontuar os eventos em marcos temporais específicos.

De igual maneira, se você vir a sua vida como um simples traçado horizontal pontilhado de datas e fatos, não estará representante com fidelidade o curso da sua existência.

É claro que, do ponto de vista exterior, há ocorrências relevantes a serem anotadas na linha. Quanto a nós, porém, naquilo que diz respeito à nossa mais pura essência, é impossível fazer-se qualquer datação: em raríssimas oportunidades uma pessoa consegue apontar dia, mês e hora para situar uma mudança na alma.

Somos seres tão complexos que nossa metamorfose acontece sem que nos apercebamos. No dia-a-dia da nossa existência apenas vamos vivendo até que um dia a gente percebe que, não se sabe como, algo simplesmente mudou. A gente pode observar que andou muito em pouquíssimo tempo, ou que não andou nada, ou que andou para trás, numa dinâmica aparentemente irracional que desafia o relógio convencional. Às vezes você percebe que está no passado. Ou no futuro. Ou pode estar se movimentando para dentro de si na busca de algo que se perdeu, ou que você jamais teve, mas deseja ardentemente encontrar.

Nossas verdadeiras linhas, assim, não podem ser tidas por retas ou cartesianas. Nosso andar espiritual e mental pode ser sinuoso, senoidal, espiralado, cíclico, ascendente, descendente, reverso. E na verdade a gente não tem muito controle sobre isso. A estrada da vida simplesmente vai se abrindo sozinha, sem sinal ou aviso. É como se uma força impalpável te guiasse pela mão por uma trilha desconhecida e não escolhida. É comum a gente não entender porque a maré puxou para um lado, ou para o outro, ou porque há um verdadeiro cabo de guerra entre o desejo e a realidade.

Eu acho que não importa a sua fé para você entender que estas ocorrências fazem parte do imponderável. Sabemos que devemos fazer a nossa parte, mas esta ação não esgota a equação. Os pontos cegos, o inesperado, o chamado acaso e as coincidências servem, mais do que tudo, para nos desmentir. E provam com maestria que somos poeira no universo. E que apenas oscilamos entre nossos esforços e uma simples lufada de vento. E que nem sempre debater-se nos leva à direção que desejamos.

Acreditar ou não em destino fica a seu exclusivo critério. Mas não há que negar que a precariedade do homem assemelha-se a uma pluma branca que balança em função da intensidade da brisa. Para uma ave ferida é cansativo demais tentar alçar voo. Para uma pessoa minimamente consciente é muito desgastante encarar sua vida como uma complicada operação matemática. Para uma alma doente, querer a qualquer custo pode significar o fim de uma existência.

O tempo passa. As linhas se confundem. Os nós se desfazem. Muito do esforço é em vão. Muito da previsão é bobagem. Sua vida, não importa como ela seja, sempre faz algum sentido. Se não hoje, talvez no dia de amanhã. Ou quando, finalmente, você se dispuser a flutuar.

(Texto originariamente publicado em 25/02/14. Foto: Favim).

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O QUE EU APRENDI ESSE ANO

O ano não acabou, é verdade. Mas faltam poucos dias. Se não para o fim do mundo, certamente para o final do ano propriamente dito. E é hora de começar a fazer o balanço dos meses, das semanas, dos dias, das horas, dos minutos, dos segundos.

Aprendi muito em cada uma destas frações existenciais do tempo.

A passagem dos meses me mostrou que o fortalecimento pode ser razoavelmente estável. Que nem sempre precisamos ter recaídas de tristeza e de desesperança. Que é possível navegar em águas calmas até o outro lado do oceano.

O transcurso das semanas me ensinou que é viável, sim, planejar e organizar-se. E, acima de tudo, realizar projetos em relativamente curtos períodos de tempo, de forma segura e responsável.

O transcorrer dos dias revelou que em pouquíssimo tempo se constroem amizades e sonhos. Não é necessário muito tempo para estabelecer laços e vislumbrar a concretização de um ideal.

O tique-taque das horas evidenciou que num breve piscar de olhos coisas impensáveis podem acontecer e mudar. Não temos controle sobre quase nada em nossas vidas. E, paradoxalmente, podemos ter integral controle sobre os nossos pensamentos.

O pulso dos minutos contados me contou sobre a possibilidade de cantar a alegria em momentos efêmeros e significativos. Num piscar de olhos, decide-se, avança-se, constrói-se. O relógio não para nunca, nem o físico, nem o biológico, nem o mental, nem o espiritual. O amor não precisa de quase nada para se manifestar. E nem também qualquer outro sentimento. Apreender a vida, reter a emoção, respirar o instante e ouvir o coração são ações que não se condicionam a nada que não seja você mesmo.

E os segundos… Ah! os segundos… São miraculosos, mágicos e reticentes. Explodem dentro de nós como faísca. E ainda assim contêm toda a eternidade. Em um segundo, é possível compreender o significado daquilo que demoramos vidas inteiras para perceber com clareza.

Os segundos são a nossa existência na forma de sua potencialidade máxima.

A dor que dói agora é sempre a mais vigorosa. O amor que se sente agora é sempre o mais poderoso.

Porque é apenas no agora que a mudança se manifesta e que a alma se transforma. O antes e o depois têm pouquíssima importância, pois é sempre no agora que você se emociona, vibra, acredita, sente, suporta, chora, sorri, sofre, recomeça.

É neste exato segundo que você compreende o resultado do ontem, do anteontem e de qualquer  momento do seu passado. E é neste exato segundo que se forma o amanhã, o depois de amanhã e qualquer partícula de um futuro seu.

Você acabou de envelhecer um átimo. E tudo o mais agora já é lembrança, memória, nostalgia. Ou apenas uma visão enevoada e incerta do próximo amanhecer. Porque somos seres livres mas somos também prisioneiros do ciclo interminável de uma inevitável sequência de agoras.

(Texto originariamente publicado em 18/12/12. Foto: Welcome Qatar).

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SOMOS TODAS LINDAS

Dia Internacional da Mulher. Acho válido, mas, a rigor, penso que não haveria necessidade de se criar uma data específica para esta espécie de comemoração.

E isto porque todos os dias são nossos. Sem qualquer exceção.

São nossos porque aprendemos a nos apropriar da vida e de tudo de bom que ela pode nos oferecer.

Com o tempo, desenvolvemos a arte de tomar posse de nós mesmas, de modo a afastar os ladrões dos nossos espíritos e das nossas inspirações. Aprimoramo-nos sempre na tarefa de defender o que é nosso por direito e por outorga da nossa própria existência, como resultado de todas as trilhas que duramente percorremos até aqui.

Nossos corpos são nossos. E são entregues a outrem apenas quando assim o desejamos.

Nossas almas são nossas e não são passíveis de aprisionamento.

Nossos corações são nossos e a ninguém é dado o direito de que sejam desestabilizados.

Nossos atos, certos ou errados, são fruto das nossas necessidades e incumbe apenas a nós mesmas o dever de julgar o seu acerto.

Nosso trabalho é o mais nobre que existe, pois foi elaborado com nossas mentes e com nossas próprias mãos.

Nossas amigas são como nossos espelhos, em que vemos a nós mesmas com muita nitidez.

Nossos filhos não são nossos, mas de nós vieram e por isso mesmo são seres sagrados.

Nossas casas são nosso santuário de amor.

Nossos altares são qualquer lugar do mundo em que possamos nos ver em sintonia com nós mesmas.

Nossos sonhos são secretos e inacessíveis.

Nossos sorrisos são as lamparinas que usamos para iluminar nossos caminhos.

E nossas lágrimas são as gotas de orvalho que enfeitam o jardim da nossa existência.

Nossa aparência é nossa forma de estar no mundo. E pouco importa como ela seja, porque nós somos nós, com tudo aquilo nos pertence. Sem mais nem menos. Apenas o que somos: aquela menina que cresceu mas que jamais abandonou seu poder de ser feliz, seus ideais e seus encantos.

E somos belas, muito belas, porque conhecemos este segredo. E é o que basta à nossa beleza. É o que  basta ao encantamento. É o quanto basta à poesia da vida.

Não há nada no universo que conspire contra e que se contraponha a esta verdade: somos todas lindas!

(Texto originariamente publicado em 08/03/12. Foto: Favim).

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LUBRIFICANDO AS ASAS

Toda vez que minha vida emperra, fico pensando que ali, bem naquele ponto, há algo para aprender. Mas dificilmente descubro o que é. Aliás, para ser justa comigo mesmo, acabo descobrindo, sim. Mas, na maioria das vezes, tanto tempo depois do acontecido, que chego a ficar triste pelo fato de que, à época, eu tenha sofrido à toa. Aprender parece ser a missão básica da humanidade. Sem o aprendizado, um ser humano não pode sequer sobreviver. Ele tem que saber o mínimo nem que seja apenas para permanecer em pé sobre a face da Terra.

Muitas pessoas viram as costas ao conhecimento, ao argumento de que este não resolve as suas vidas. Mas, se isso pode ser correto, não menos verdadeiro é o fato de que também não será a ignorância que solucionará os seus problemas. Seja como for, gosto é gosto e cada um deve viver de acordo com suas próprias convicções. E, de todo modo, diferentemente do conhecimento, a verdadeira sabedoria parece mesmo estar sempre dentro de nós.

Existem muitas formas de aprender e muitas vezes exige-se o esforço de nossa parte. Felizmente, há, também, maneiras bastante prazerosas de agregar conhecimento. Uma delas é viajar, pois, se para aprender algo você não precisa viajar, eu diria que é impossível viajar sem aprender.

Como eu mencionei nas primeiras postagens do blog, hoje em dia você encontra quase tudo em termos de viagens, o que certamente aumenta, em muito, as razões para bater suas asas.

Existem agências especializadas em viagens de conhecimento. E elas são absolutamente fantásticas. Normalmente, elas divulgam um calendário já idealizado para que os grupos possam se formar. E estes grupos sempre são liderados por um “expert” no assunto. Aqui no Brasil, temos a Latitudes, que faz um trabalho primoroso. Nunca viajei com eles, mas conheço pessoalmente alguns dos especialistas. Só a visita ao “site” já vale muito. Há roteiros e fotos incríveis. A americana Wander Tours é também excepcional. Além de destinos fantásticos, a agência criou um segmento chamado Women-Only, com programas adequados ao gosto feminino.

Além disso, se você não tem companhia para viajar, é extremamente interessante buscar este tipo de viagem, em que sempre há outras mulheres na mesma situação que você.

Querida viajante, não é possível saber o que será de nós mesmas no dia de amanhã, nem mesmo com todo o conhecimento do mundo. Nosso futuro é sempre incerto e desconhecido. Há uma verdade, porém, de caráter absoluto e da qual ninguém pode fugir: sem preparar-se e sem treinar as suas asas, nem mesmo um pássaro pode voar. Mãos à obra.

(Texto originariamente publicado em 11/02/12. Foto: Pinterest)

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